20 de setembro de 2025
Justiça dá 10 dias para Eletrobras e governo se manifestarem sobre plano de desativação de Usina Hidrelétrica em MT
Ministério Público entrou com pedido de tutela cautelar em razão das inúmeras falhas críticas identificadas no sistema de drenagem da barragem, com risco de rompimento.
Copel
Por: G1 MT
A Justiça deu prazo de 10 dias para que Eletrobras, Copel e governo estadual se manifestem sobre o plano de desativação da Usina Hidrelétrica de Colider, a 648 km de Cuiabá. A decisão foi proferida pela juíza Érika Cristina Camilo Camin, da 2ª Vara de Colíder, nessa quinta-feira (18).
Em nota, a Eletrobras informou que responderá dentro do prazo estabelecido pela Justiça e que, nesse período, a usina é monitorada 24 horas, segue estável e continua operando dentro de todos os padrões de segurança.
O governo estadual também foi procurado pelo g1 sobre essa decisão, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Responsável pela construção da Usina de Colíder entre 2011 e 2019, a Copel Geração e Transmissão transferiu a gestão para a Eletrobras, em maio deste ano.
Em relação ao pedido do Ministério Público sobre a elaboração de um plano de desativação da usina, a Eletrobras disse que adotou as medidas de segurança para o local, aos trabalhadores e ao meio ambiente e, por isso, não vê “os pressupostos para a concessão da cautelar requerida e segue à disposição das autoridades.”
Em fato relevante divulgado ao mercado financeiro na terça-feira (15), a Eletrobras informou que de 70 drenos que integram o sistema da usina, quatro sofreram danos desde a compra do ativo. Os drenos são estruturas que permitem que a pressão da água sob a barragem seja escoada de maneira adequada.
Com isso, a usina reduziu o nível do reservatório para verificar as falhas nos drenos e aliviar a pressão sobre a estrutura. Contudo, essa medida gerou danos ambientais, como a morte de 1.500 peixes, alteração da qualidade da água, comprometimento da biodiversidade aquática e semiaquática, e prejuízos à fauna migratória.
Falhas críticas
O rebaixamento do reservatório comprometeu a atividade pesqueira, o turismo regional e o comércio local, segundo o MPMT, que citou um impacto no setor entre R$ 10 e R$ 12 milhões por ano. A medida também afetou eventos culturais tradicionais, como o “Fest Praia” e o “Viva Floresta”, além de dificultar o acesso das comunidades ribeirinhas ao rio, prejudicando seu modo de vida.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/s/Z/xhY76kSuiyeyBm0Nc8Bw/design-sem-nome-30-.jpg)
Mortandade de peixes registrada após rebaixamento de nível — Foto: MPMT
O Ministério Público ainda pediu a revisão da licença ambiental pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
No documento também foi pedido a atualização dos planos de emergência e contingência, a criação de canais de comunicação com a população, a implementação de sistemas sonoros fixos de alerta e a cobrança antecipada de R$ 200 milhões para assegurar a reparação dos danos já constatados e daqueles que ainda possam surgir.
A usina
Localizada no Rio Teles Pires, a usina tem potência de 300 megawhatts e reservatório de 168,2 km² de área total e 94 km de comprimento.
Em operação desde 2019, ela abrange os municípios de Cláudia, Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte.
No estado, há 142 usinas hidrelétricas em operação, entre pequenas, médias e grandes; e suas barragens.
MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel