segunda-feira, 20 de maio de 2024

Tiago Queiroz/Estadão

Por: Mateus Vargas, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O Ministério da Saúde requisitou os estoques da indústria de medicamentos usados para intubar pacientes, como sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares, que passaram a ficar escassos em alguns locais do País após a explosão de casos de covid-19 nas últimas semanas. Segundo a pasta, a ordem de entrega dos fármacos foi feita na quarta-feira, 17, e deve suprir a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) por 15 dias, com 665,5 mil comprimidos.

Diversos hospitais e regiões do País têm apontado falta ou preocupação sobre risco de desabastecimento destes medicamentos. Secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira afirma que o aumento de casos “voltou a trazer risco” de desabastecimento. Ele afirma que o ministério fez uma entrega de medicamentos no fim de semana para garantir o uso em hospitais por 20 dias. “Pedimos para suspender as cirurgias eletivas, para que não haja concorrência por estes medicamentos”, disse.

O ministério também tem ordenado a entrega dos estoques de oxigênio de algumas empresas. A Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) cobrou nesta quinta-feira, 18, ações do governo Jair Bolsonaro para evitar a falta desse insumo.

O governo federal já teve de requisitar estoques do “kit intubação” entre junho e setembro de 2020, quando houve falta destes medicamentos em diversos locais. Sem o produto, equipes médicas têm dificuldade de intubar um paciente, por exemplo. Após este período, os medicamentos voltaram a ser comprados pelos prestadores de serviço do SUS. Em nota, o ministério informou que monitora os estoques dos Estados.

O presidente do Grupo FarmaBrasil, que representa a indústria nacional de medicamentos, Reginaldo Arcuri, afirma que não há falta de produção. Ele diz que a indústria precisa receber demanda “clara e organizada”. “O grande problema é que os hospitais demandam a sua necessidade para ser entregue tudo de uma vez. Ou querem, por razões até justificadas, fazer um estoque. Você não consegue atender todos os pedidos em período curto. O que precisa é articular”, disse.

Já o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, reconheceu que o uso dos produtos está acima “de qualquer estimativa”. Ele afirmou que a indústria “está trabalhando para atender as necessidades” do País. Disse também que “se preocupa” com requisições de estoques, “pois isso pode desorganizar o mercado”.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que as requisições não atingem produtos já vendidos pela indústria a Estados e municípios.

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